quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Saiba tudo sobre gravidez após cirurgia bariátrica

Fonte> http://dietaja.uol.com.br/saiba-tudo-sobre-gravidez-apos-cirurgia-bariatrica/
Texto: Louise Vernier, Rita Trevisan e Thaís Macena
Mesmo depois de se submeter ao procedimento, é possível engravidar com segurança. Fique atenta a alguns cuidados essenciais para garantir uma gestação tranquila e o desenvolvimento normal e saudável do bebê
gestação-bariátrica
É cada vez maior o número de mulheres que recorrem à cirurgia bariátrica. E boa parte das pacientes que se submetem ao procedimento encontra-se em idade fértil. Porém, a rápida perda de peso e a própria intervenção cirúrgica podem desregular os estoques de nutrientes que se formam naturalmente no organismo e que são fundamentais para garantir uma gestação saudável, do começo ao fim, tanto para a mamãe quanto para o bebê.
Exatamente por isso, embora seja possível engravidar logo após o procedimento, os especialistas recomendam esperar, no mínimo, um ano, período durante o qual recomendam o uso de métodos contraceptivos. Esse intervalo é necessário para a estabilização do peso e para afastar maiores riscos. “
Também é importante que os métodos anticoncepcionais usados nessa fase sejam bem escolhidos, visto que alguns tipos de cirurgia bariátrica afetam não só a absorção dos nutrientes pelo organismo como interferem na ação dos medicamentos”, orienta Manoel dos Passos Galvão Neto, gastroenterologista especialista em cirurgia do aparelho digestivo pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva. Geralmente, os médicos indicam substituir os métodos orais por injetáveis, de barreira ou por dispositivos intrauterinos (DIU).
Alerta de risco
Antes desse intervalo, as mudanças no peso, na composição corporal e na absorção de nutrientes podem aumentar as probabilidades de aborto, de partos prematuros e do nascimento de bebês com baixo peso ou má formação. Os riscos são maiores quando a gestação não conta com acompanhamento médico especializado.
“A maior preocupação depois da cirurgia bariátrica é o risco do desenvolvimento de deficiências nutricionais, tanto para a mãe quanto para o bebê. A falta de ferro, de vitamina B12, de cálcio e de vitamina D, devido à má absorção, podem levar a complicações fetais, como defeitos do tubo neural, hipocalcemia neonatal e raquitismo”, diz Lilian de Paiva Rodrigues Hsu, ginecologista e obstetra especialista em gestação de alto risco pela Santa Casa de São Paulo.
Exames relevantes
Mas, mesmo esperando a fase de estabilização se encerrar, antes de engravidar é extremamente importante que a mulher passe por consultas com especialistas em nutrição e ginecologia, que poderão dar o aval para a chegada do bebê.
Além da análise clínica feita pela equipe médica, de acordo com Galvão Neto, alguns exames específicos podem ajudar a determinar a quantas anda a saúde nutricional da mulher e, assim, verificar a necessidade de suplementação alimentar. Estamos falando da dosagem de proteínas, cálcio, zinco, magnésio, vitaminas A, B, C e D, e também de exames que checam o funcionamento das glândulas tireoide e paratireoide, do fígado, da vesícula e das vias biliares, entre outros que podem ser solicitados, variando de acordo com a paciente.
Porém, mesmo que todos esses testes mostrem que o organismo está preparado para gerar o bebê, é importante dar seguimento ao acompanhamento nutricional até que ocorra a gravidez e, principalmente, durante o período de gestação.
Normal ou cesariana?
Também é importante lembrar que, mesmo tomando todos os cuidados necessários, algumas gestantes que passaram por cirurgia bariátrica poderão sofrer algumas complicações, como obstrução intestinal e hemorragia gastrointestinal. Além disso, pacientes que permanecem obesas após o procedimento cirúrgico terão risco aumentado de passar por um trabalho de parto prolongado e, por consequência, poderão precisar se submeter a processo de indução ao parto.
Ainda assim, não há nenhum estudo que comprove que as cesarianas são as mais indicadas para essas pacientes. Por isso, o melhor a fazer é consultar os especialistas que estão acompanhando a gestação, para escolher o procedimento mais seguro para o seu caso, quando a chegada do bebê estiver se aproximando.
Da mesma forma, a recuperação pós-parto não sofre nenhuma influência da cirurgia bariátrica. “Ela está relacionada ao tipo de parto que foi feito e não à intervenção realizada anteriormente”, garante Lilian. Por isso, normalmente, a recuperação é a mesma das pacientes que não recorreram ao procedimento de redução de estômago.
Amamentação segura
Já quando o assunto é amamentação, o cuidado deve ser redobrado. Isso porque, segundo Lilian, são comuns os casos de crianças com deficiências nutricionais que foram amamentadas por mulheres que passaram pela cirurgia bariátrica. Portanto, é fundamental manter os exames atualizados para checar se todas as taxas nutricionais estão em dia e evitar afetar a saúde e o desenvolvimento do bebê.
“Fora isso, caso a mãe esteja tomando alguma medicação, um cuidado importante é procurar se certificar de que as substâncias presentes no remédio não vão passar para o leite”, acrescenta Galvão Neto. Geralmente, quando uma paciente acima do peso entra no consultório médico interessada em se submeter à bariátrica, o principal objetivo é conquistar um corpo enxuto e fazer de uma vez por todas as pazes com a balança. Além de claro, conquistar uma saúde de ferro e fugir dos sintomas indesejáveis que a obesidade traz.
Mais qualidade de vida
“Os benefícios de se submeter à cirurgia bariátrica vão muito além da perda de peso. Há uma melhora significativa no diabetes, na hipertensão arterial e, consequentemente, na qualidade de vida da pessoa. Pode ocorrer até mesmo um aumento da fertilidade”, afirma a ginecologista e obstetra Lilian.
Nesse ponto, quando o assunto é manter o que foi conquistado com a intervenção cirúrgica após a gestação, isto é, não achar pelo caminho percorrido os quilos que foram eliminados e os problemas de saúde deixados para trás, a dica dos especialistas é bastante simples: fazer acompanhamento rigoroso com uma equipe médica multidisciplinar. “É fundamental reforçar à paciente a necessidade de manter um estilo de vida saudável, com dieta balanceada, prática de exercícios físicos e suplementação alimentar, quando for necessário”, alerta Galvão Neto.

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