Sabia que isso existe? Mas antes de ficar toda animadinha, saiba que há longas filas de candidatos, limites de cirurgias e critérios para a seleção dos pacientes contemplados. Leia com muita atenção a matéria a seguir antes de correr para a fila de espera
Imagine a cena: uma mulher com 35 anos, casada, mãe de dois filhos, auxiliar administrativa e salário mensal de R$ 1,5 mil. Ela está insatisfeita com o seu abdômen, que ganhou flacidez depois das duas gestações. Ela sonha em fazer plástica e está ciente de que terá de desembolsar os gastos que envolvem o processo: consultas médicas, exames pré-operatórios, hospital, cirurgião plástico e enfermeiros, medicamentos, cintas e sessões de drenagem linfática no pós-operatório, além de ser necessário ter uma quantia de reserva para possíveis eventualidades. O problema é que seu salário já está quase que completamente comprometido com as mensalidades da escola dos filhos, contas de casa, supermercado, planos de saúde… Essa cena é fictícia, porém é similar a história de muitas mulheres por aí. Mas ao contrário de ficarem desanimadas, estas mulheres podem começar a dormir mais tranquilas, pois o sonho de realizar essa desejada plástica pode estar bem mais perto do que elas imaginam.
Existe a possibilidade de fazer uma cirurgia plástica sem pagar nada por isso. Há hospitais que oferecem o serviço de plástica gratuitamente. Principalmente os “hospitais escola” (que fazem parte de alguma faculdade de Medicina). Isso porque os residentes que optam pela especialidade de Cirurgia Plástica precisam praticar antes de colocar a mão na massa de verdade. Dessa forma, eles aprendem a lidar com as angústias e expectativas típicas dos pacientes nessa fase, bem como aprendem o dia-a-dia da profissão, com seus obstáculos e imprevistos. Além, é claro, de colocarem em prática o que aprenderam nos livros e na sala de aula. Mas vale lembrar que os residentes, apesar de estarem em busca de prática, não são totalmente despreparados. Se estão ali, é porque passaram por anos de estudo e receberam orientação suficiente para operar uma pessoa. Além disso, estão sempre (mesmo!) acompanhados de professores que supervisionam a cirurgia e ficam a postos para entrar em ação em possíveis imprevistos e complicações. Quem já operou em “hospitais escola” garante que o serviço não deixa nada a desejar. “Eu precisava operar meu nariz, pois tinha desvio de septo e isso atrapalhava minha respiração. Como na época era estagiária, não conseguiria bancar uma plástica com meu salário procurei um serviço gratuito em um hospital escola em Santos. Desde o começo fui informada das condições e aceitei, pois me passaram muita segurança. A cirurgia foi um sucesso, obtive o resultado que desejava e todo o processo foi bem tranquilo”, diz a jornalista Gisele Malone.
Cada caso é um caso
Como cada entidade é uma, os critérios para selecionar os candidatos que irão usufruir deste serviço varia bastante. Em alguns casos, são realizadas apenas cirurgias reparadoras (como seqüelas de queimados, redução mamária, traumatismos ou deformidades congênitas, por exemplo), outros abrem espaço para procedimentos estéticos também. Em algumas situações, apenas pessoas de baixa renda são beneficiadas, em outros casos não existe esse critério. De uma forma geral, os pacientes passam por consulta com um especialista, que irá avaliar o quadro, definir se ele se encaixa ou não nos critérios da entidade, são avaliados por um psicólogo, quando for o caso, e só depois será encaminhado para a plástica.
Fila de espera
É preciso ficar claro que não significa que, ao ser aprovado, o paciente irá fazer a cirurgia na semana seguinte. Mais uma vez, entra em questão a peculiaridade de cada entidade. Tudo depende da quantidade de candidatos do hospital, do número de operações realizadas, da frequência com que elas acontecem… Afinal, é inviável disponibilizar toda a equipe e todas as cirurgias para esse serviço, pois existem outros casos a serem atendidos pela equipe de cirurgia. Alguns hospitais garantem a operação após uma semana, enquanto outros chegam a ter uma fila de espera de até cinco anos. É preciso paciênca!
Serviço 100% grátis
Quando falamos na questão financeira de uma cirurgia plástica, sabemos que há muitos custos envolvidos nesse processo: exames pré-operatórios, consultas médicas, cirurgião plástico, anestesista, hospital, enfermeiros, medicamentos, cuidados pós-operatórios, próteses de silicone (quando for o caso)… E é justamente a soma de tudo isso que encarece o procedimento e espanta as pessoas. Nestes serviços gratuitos dos quais estamos falando, pode ou não ser gratuito, mais uma vez vai depender. Não existe um padrão, já que em alguns hospitais o serviço é, sim, 100% gratuito do princípio ao fim, mas alguns isentam o pagamento apenas dos cirurgiões plásticos. E Plástica & Beleza faz um alerta importante: informe-se muito bem antes de se candidatar a qualquer cirurgia plástica gratuita. É essencial ter em mente que você pode não ter a indicação para usufruir desse serviço e poderá demorar anos até conseguir realizar a tão sonhada operação.
O mapa da plástica gratuita
Listamos alguns locais em todo o Brasil que oferecem o serviço de cirurgia plástica gratuita. Informe-se antes pelo telefone a disponibilidade, a possibilidade e como fazer para se candidatar.
Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro – RJ
Na 38° Enfermaria, criada em 1949 pelo professor Ivo Pitanguy, 30% das cirurgias realizadas são gratuitas. Estas são feitas com recursos da Santa Casa, do SUS ou de doações. Porém, são realizadas apenas cirurgias reparadoras, que corrigem sequelas de queimaduras, traumatismos e deformidades congênitas. A equipe conta com 40 médicos e 20 cirurgiões plásticos que fazem a supervisão das cirurgias e realizam os procedimentos de maior complexidade. Algumas cirurgias são realizadas por residentes, acompanhados por médicos.
Como funciona: o paciente agenda uma avaliação com um assistente social da Santa Casa e, caso necessário, é encaminhado ao nutricionista ou psicólogo. A 38º Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia fica na Rua Santa Luzia, 206 e as inscrições acontecem às segundas e terças feiras, sempre a partir das 8 horas.
100% gratuito? Apenas os exames pré-operatórios são feitos à parte e, portanto, cobrados. O restante é gratuito.
Fila de espera: depende da procura na época em que for realizada a cirurgia, mas pode chegar até um ano de espera.
Contato: (21) 2240-5564.
Unisanta – Santos
No ambulatório de cirurgia plástica da entidade, coordenado pelo cirurgião plástico Ewaldo Bolívar, são oferecidos todos os tipos de cirurgia plástica, reparadoras ou estéticas. O atendimento médico gratuito é realizado pelos residentes do Curso de Especialização em Cirurgia Plástica da Universidade Santa Cecília. Os pacientes são operados no Hospital Santos Day Clínica.
Como funciona: basta comparecer ao Ambulatório de Cirurgia Plástica da Universidade Santa Cecília (Rua Cesário Mota, 23 – Boqueirão – Santos/SP). O horário de funcionamento é de segunda à sexta-feira, das 13h às 17h. Às segundas e terças-feiras há o expediente matutino, das 8h30 às 12h30. Após a consulta com o médico, o paciente é encaminhado a receber o orçamento com o valor do procedimento (despesas hospitalares, anestesista) e, se optar em realizar, deverá fazer todos os exames pré-operatórios indicados pelo médico.
100% gratuito? Não, o paciente é responsável pelos custos da internação, anestesia e despesas pós-operatórias.
Fila de espera: Não há.
Contato: (13) 3222-2471.
Hospital Universitário São José – MG
No hospital, são realizadas todas as cirurgias plásticas reparadoras, inclusive crânio maxilo facial, gigantinomastias, abdominoplastia e grandes lipodistrofias, entre outras. Quem realiza o procedimento são os residentes em cirurgia plástica que já cursaram pós-graduação em cirurgia geral e são supervisionados pelo cirurgião plástico professor.
Como funciona: a pessoa é encaminhada pelo SUS , através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A prioridade são os casos mais graves, câncer de pele, fraturas e segue-se o fluxo de seleção da SMS. A consulta é agendada pela SMS e feita no ambulatório do hospital. Em situações especiais são feitas consultas psicológicas, como em casos de transexualismo e patologias que interferem na esfera emocional do paciente. Em seguida, faz-se os exames, risco cirúrgico, agendamento, cirurgia e acompanhamento pós-operatório.
100% gratuito? Sim, pois o procedimento é pelo SUS.
Fila de espera: em torno de 30 a 40 dias.
Contato: (31) 3299-8100.
Santa Casa de São Paulo – SP
São realizados todos os tipos de cirurgia plástica, porém, aproximadamente 90% delas têm caráter predominantemente reparador e 10% têm caráter predominantemente estético. A maior parte das cirurgias é realizada pelos residentes, uma vez que o serviço é voltado para a formação deles, mas sempre há acompanhamento de um professor.
Como funciona: os pacientes passam por uma triagem na própria Santa Casa e, a partir dali, quem tiver a indicação é encaminhado para a cirurgia plástica. No setor, a pessoa terá acesso a todos os exames necessários, agendará a cirurgia e terá o acompanhamento pós-operatório.
100% gratuito? Sim, o paciente não tem custo algum. Não há um tempo exato, mas dura, em média, cinco anos. No entanto, dependendo do perfil e gravidade do quadro, a pessoa pode operar em menos tempo.
Contato: (11) 2176-7000.
Secretaria Municipal de Saúde – São Paulo
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), médicos das Unidades Básicas de Saúde (UBS) são os responsáveis por encaminhar pacientes que necessitam de cirurgia plástica reparadora para uma Central de Regulação através do Sistema Integrado Gestão de Atendimento (SIGA Saúde), um sistema desenvolvido pela SMS para agilizar e facilitar os agendamentos e atendimentos de usuários da rede.
Como funciona: uma vez encaminhado pela UBS, a Central de Regulação verifica a disponibilidade de vagas nas unidades de saúde parceiras da SMS e faz o agendamento de acordo com as vagas e as prioridades. Além dos encaminhamentos feitos via o SIGA Saúde da SMS, há um call center da Secretaria Estadual da Saúde (SES), que realiza agendamento online de consultas em unidades estaduais de especialidades. As unidades que são referências para os encaminhamentos são: IBCC – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, Hospital São Luiz Gonzaga, Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, Hospital São Paulo. Destes, apenas o Hospital São Paulo é hospital escola.
100% gratuito? Sim.
Fila de espera: dados temporariamente indisponíveis, as informações serão disponibilizadas em breve.
Contato: pessoalmente na UBS mais próxima da região.
Por Lara Martins
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